Altas temperaturas e indústria fazem disparar o consumo de energia no Brasil

A recuperação da atividade industrial de alguns segmentos da economia e as altas temperaturas fizeram o consumo de energia elétrica disparar no Brasil. Em setembro, a demanda de eletricidade do país somou 68.306 megawatts-médios (MWmed), crescimento de 6,2% em relação ao mesmo período de 2022.

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) – informou que essa taxa expressiva foi a maior já registrada no país em 2023, como mostram os dados a seguir:

Evolução do consumo de energia no Brasil em 2023 na comparação com 2022:

MêsVariação percentual
Janeiro0,0%
Fevereiro1,6%
Março2,3%
Abril0,0%
Maio2,9%
Junho1,7%
Julho0,4%
Agosto3,9%
Setembro6,2%

Como sabemos, o setor elétrico é dividido em dois ambientes de comercialização. O Ambiente de Contratação Regulado, onde se encontram os clientes residenciais e as pequenas e médias empresas, sendo que neste ambiente o consumo cresceu 8,2% em comparação a 2022. O aumento foi causado pelo grande uso de ar-condicionado para enfrentar a onda de calor, já que a temperatura ficou acima da média para o mês de setembro.

Já no Ambiente de Contratação Livre, onde se encontram as grandes empresas e indústrias, o consumo cresceu 3%. Neste caso, a elevação da demanda está mais atrelada ao desempenho econômico de algumas atividades monitoradas pela CCEE. No entanto, o uso mais intenso de equipamentos de refrigeração também teve a sua parcela de contribuição, sobretudo nos segmentos comercial e de serviços.

Em setembro, o mercado regulado representou 63,08% da demanda nacional de eletricidade, com o consumo de 43.091 MWmed. Por outro lado, o mercado livre teve a participação de 36,92% (25.216 MWmed).

Veja como foi o consumo em setembro por ramo de atividade econômica.

A CCEE monitora 15 atividades econômicas dos mais diversos segmentos. Em setembro, chamou a atenção o consumo dos setores de comércio e serviços, que avançaram 15,1% e 11,6% respectivamente, as maiores altas do mês. Para a CCEE, esse avanço é reflexo da desaceleração inflacionária do país, associada a uma alta movimentação em prédios comerciais. Todavia, o calor também exigiu maior uso de ar-condicionados nesses segmentos.

O crescimento do consumo poderia ter sido maior se não fosse o fraco desempenho energético das atividades de fabricação de veículos (-6,3%), têxteis (-3,5%) e saneamento (-3,2%).

Tendo em vista a importância do consumo na estrutura do setor elétrico e concomitantemente nos valores de PLD, o acompanhamento da carga é realizado tanto pela CCEE, quanto pelo ONS, tendo em vista que mudanças expressivas do comportamento do consumo horário demandam ajustes na operação, podendo impactar toda a cadeia do setor elétrico brasileiro.