O que esperar para a geração eólica nacional?
A diversidade na matriz energética de um país é um fator fundamental para a garantia da segurança energética, assegurando a disponibilidade de energia contínua, em quantidade suficiente e a preços acessíveis.
Desta forma, ao diversificar a matriz, são evitados episódios de crise energética, como o ocorrido no Brasil em 2001, por exemplo, período em que as hidrelétricas eram responsáveis por praticamente toda a geração de energia nacional, entretanto os reservatórios encontravam-se com níveis reduzidos.
Episódios como o destacado acima, junto ao incentivo às fontes alternativas de energia ajudaram a iniciar a história da geração eólica no Brasil, em que no ano de 2001, a capacidade eólica instalada representava somente 0,1% de toda energia gerada no país e, atualmente já encontra-se próxima aos 10%, com perspectiva de chegar a 14,7% segundo estimativa do ONS.
Destes 10%, a grande maioria e as principais instalações eólicas se concentram na região Nordeste, devido aos ventos regulares e intensos na região tropical, o que possibilita uma boa geração de energia eólica durante a maior parte do ano. Do ponto de vista meteorológico, o período com maior intensidade dos ventos está associado ao período com menores volumes de chuva na região, o que compreende os meses de julho a novembro, com pico entre agosto e setembro. Nessa época, os ventos tendem a se intensificar, possibilitando recordes de geração eólica.
Além da sazonalidade (época do ano), alguns fatores meteorológicos externos são determinantes no regime de ventos e de chuva de uma região, como a temperatura do oceano Atlântico e fenômenos de teleconexão, como por exemplo o El Niño e La Niña.
Durante o mês de julho de 2022, a temperatura da superfície do mar no litoral da região Nordeste esteve mais aquecida em relação à média histórica, o que favoreceu a formação de nebulosidade e precipitação nas áreas litorâneas e enfraqueceu o vento na região. Por outro lado, no interior da Região Nordeste os ventos se intensificaram ao longo das últimas semanas, fator que acarretou uma geração acima da média para a época do ano e bateu recordes de geração instantânea ainda na segunda semana do mês.
A previsão para os meses de agosto, setembro e outubro, aponta para uma tendência de ventos mais intensos para o Nordeste do país, favorecendo o aumento da geração de energia eólica na região. Apesar do aumento da velocidade do vento, essa intensificação irá ocorrer em uma proporção menor do que é esperado para esta época do ano.
Desta maneira, é importante levar em consideração o impacto das condições de tempo e clima para o planejamento da geração de energia eólica, e fazer uso das principais tecnologias com meteorologistas especializados à disposição.