Qual a relação entre mudanças climáticas e transição energética?
Conceitualmente, transição energética a nível mundial trata-se de uma mudança estrutural nas matrizes energéticas dos países, em que o modelo baseado em combustíveis fósseis (carvão mineral, gás natural e petróleo) gradualmente caminha para uma matriz focada na geração a partir de fontes mais limpas e renováveis, tais como: eólica, fotovoltaica, biomassa e outros. No caso do Brasil, o forte crescimento da energia eólica e solar está muito relacionado também a uma maior diversificação da matriz energética, diminuindo a dependência das hidrelétricas – que hoje representam mais de 60% da energia gerada.
Dentre os fatores impulsionadores para o atual cenário de transição energética global, destacam-se as mudanças climáticas. Isto porque, as mudanças climáticas são respostas ao constante aumento de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera, e o setor de energia é um dos responsáveis por essa elevada emissão em escala global devido a queima de combustíveis fósseis.
Dito isto, a principal consequência imediata é o aumento da temperatura média do planeta, que por sua vez, a médio-longo prazo, tende a alterar toda dinâmica da atmosfera ocasionando:
– Eventos extremos mais frequentes, exemplo: furacões;
– Períodos de seca mais extremos podendo alterar irreversivelmente o clima local (desertificação);
– Maior ocorrência de tempestades severas causadoras de alagamentos, inundações e enchentes;
– Derretimento das calotas polares;
– Aumento do nível do mar;
– Alteração das características climáticas do globo;
Visto o grande impacto das mudanças climáticas e a colaboração do setor, o mesmo, assumiu o desafio de diminuir sua participação no aumento dos GEE através da transição energética utilizando matrizes renováveis que, de acordo com a International Renewable Energy Agency (IRENA), espera-se um aumento da participação das energias renováveis na demanda energética global de 17% até 2030 e 25% até 2050.
Assim, essa temática tem promovido o acelerado aumento no desenvolvimento de novas tecnologias sustentáveis (descarbonização, hidrogênio verde, armazenamento de energia, etc), e consequentemente, vem ganhando muito destaque, como por exemplo na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP27), que ocorrerá em novembro deste ano no Egito, em que os temas de transição energética, energias renováveis e novas tecnologias associadas foram levantados como um dos principais focos de discussão.