O El Niño é um fenômeno climático que afeta o clima global. Ele ocorre quando as águas superficiais do oceano se aquecem além do normal, resultando em mudanças significativas nos padrões de vento e temperatura. Mas isso pode afetar a geração e os preços da energia elétrica?
O El Niño pode apresentar uma recorrência de dois a sete anos, ele se caracteriza pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, principalmente na região próxima à América do Sul. Esse aquecimento é capaz de afetar padrões climáticos em diversas partes do mundo.
Quando ocorre um El Niño, os efeitos podem incluir:
– Aumento da temperatura da superfície do mar na região do Pacífico Equatorial, afetando a vida marinha e os ecossistemas marinhos.
– Mudanças nos padrões de vento atmosférico que podem influenciar o clima em várias regiões, levando a eventos climáticos extremos, como secas, chuvas intensas, inundações, tempestades e furacões.
– Impactos na agricultura, pesca e recursos hídricos, afetando a produção de alimentos e a economia em áreas afetadas pelo El Niño.
– Possíveis consequências para a saúde humana, devido às condições climáticas extremas e à propagação de doenças relacionadas ao clima.
Como mencionado acima, o El Niño afeta o comportamento do clima de forma diferenciada em cada região. No Brasil, as chuvas ficam irregulares, com períodos de fortes tempestades e inundações na parte Sul, enquanto em outras áreas podem ocorrer secas e calor extremo.
Como na nossa matriz elétrica as fontes renováveis representam cerca de 80%, é de se imaginar que um desequilíbrio climático afete a oferta de geração.
Neste caso, a tendência é que a disponibilidade de agua nos reservatórios das hidrelétricas se reduza (seja por falta de chuva ou pela evaporação) nas regiões Nordeste e Norte, podendo afetar também as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Em contrapartida, os recursos hídricos na região Sul aumentam, podendo elevar riscos humanos e operativos por enchentes. Adicionalmente, os ventos fortes e os dias mais ensolarados contribuem para o aumento da geração eólica e solar fotovoltaica, principalmente no Nordeste no primeiro semestre do ano.
A boa notícia é que no último período úmido as chuvas foram abundantes no Brasil, o que permitiu que os reservatórios das hidrelétricas atingissem níveis acima de 87% de armazenamento no 1º semestre de 2023.
Atualmente, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da oferta hidrelétrica, encontra-se acima de 70% de capacidade, o que dá tranquilidade quanto à oferta de energia e, consequentemente, aos preços no Brasil.
Por fim, o clima mais quente pode aumentar o consumo de energia elétrica por causa do uso mais intensivo de ar-condicionado, elevando pontualmente a conta de luz de muitas empresas.