Ao analisar o conflito entre Rússia e Ucrânia, fica mais claro perceber os impactos no setor energético e macroeconômicos, bem como o cenário esperado para os próximos meses no Brasil.
A Rússia é um importante produtor mundial de petróleo e gás, responsável por fornecer 25% e 40%, respectivamente, das necessidades desses energéticos na Europa. As medidas de sanções econômicas impostas por Estados Unidos e bloco europeu afetam a oferta desses energéticos, fazendo o preço subir.
O barril de petróleo tipo Brent atingiu o pico de US$ 132,00 no início de março e o Brasil sentiu o impacto do aumento. O primeiro impacto foi a elevação expressiva no custo dos combustíveis e do gás.
O aumento nos combustíveis é mais um fator de pressão na inflação do país, que já está acima de 10% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o IBGE.
Outra consequência foi o aumento nos juros e o consequente encarecimento do custo de capital. A Selic está em 11,75% ao ano. A previsão é chegar a 13% ao final de 2022, segundo a corretora BCG Liquidez.
Esse cenário afeta a demanda interna, comprometendo o processo de recuperação da economia no Brasil.
Para minimizar a inflação sobre os energéticos, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei 11/2020, com objetivo de reduzir o preço dos combustíveis para o consumidor final. O PL, convertido da Lei Complementar nº 192/22, estabelece a cobrança do ICMS em apenas uma fase da cadeia produtiva.
Já o PL 1472/2021, cujo objetivo é a criação de um Fundo de Estabilização de preços combustíveis subsidiado por royalties, dividendos e participações da Petrobrás – bem como instituir o imposto de exportação sobre o petróleo bruto -, foi aprovado no Senado Federal e aguarda manifestação da Câmara dos Deputados.
Devido a situação atual dos reservatórios hidrelétricos, acredita-se que a tarifa de energia elétrica no Brasil deverá ser pouco afetada pela guerra. Além disso, houve um aumento da participação de fontes renováveis como eólica e solar fotovoltaica na matriz energética. Confira aqui.
Por sua vez, as termelétricas a gás natural e GNL (líquido) são apenas 8,8% da matriz elétrica. O Brasil importa cerca de 50% da demanda por esses energéticos. Portanto, o impacto sobre o custo das termelétricas deverá ser marginal.
Acompanhe aqui nossa última atualização sobre este tema, e entenda mais!
Conheça os 3 setores do Mercado Energético que passaram por grande revoluçãoO consumo de energia deve crescer, em média, 3,7% ao ano no Brasil até 2025. As usinas hidrelétricas, principais fontes geradoras, não conseguirão aumentar a produção nesse ritmo. Daí a importância de alternativas como biomassa e, sobretudo, energia eólica e fotovoltaica, cuja utilização é crescente no país.
Para o futuro, no entanto, novidades tecnológicas poderão tornar nosso sistema ainda mais seguro e robusto do que já é atualmente, com impactos positivos também nos custos. “Temos três grandes frentes, que já experimentam revoluções em outros países, e que podem ser desenvolvidas no curto e médio prazo também por aqui”, afirma o economista, Tiago Barros, da REGE Consultoria, durante edição do podcast C-LIGA no qual o tema central a crise hídrica.
Durante o bate-papo, o especialista que atuou por mais de 14 anos em diversos órgãos da administração pública, inclusive na ANEEL, detalhou quais são essas revoluções:
Resposta da Demanda
A partir de medição inteligente e de redes elétricas mais automatizadas, o consumidor pode participar ativamente de uma gestão mais efetiva da demanda por energia. Um exemplo é o consumidor receber sinais de preço – o que hoje não acontece –, e podendo vender energia excedente, ou seja, ser remunerado por sua redução no consumo.
Barros explica, que esta alternativa pode ser feita mesmo para pequenos consumidores, como residenciais e micro negócios. A condição para isso é ter um investimento em medição inteligente, que se pagará por meio dos ganhos que ajudarão a elevar a eficiência do sistema.
Armazenamento
As baterias estão no centro da segunda revolução que vem acontecendo, de acordo com o CEO da REGE Consultoria. Ele explica que a evolução das baterias que fazem funcionar nossos celulares, notebooks e os veículos elétricos, tem gerado uma redução de custos tão grande que, por consequência, outras tecnologias de bateria começaram a ser investigadas para utilização na rede elétrica. “Podemos ter outra forma de armazenar energia que não seja somente água em lago e combustível em tanque”, afirma. Na prática, isso significará guardar energia elétrica produzida em fontes como a eólica e a solar, em forma de potencial químico, numa bateria ou em outras tecnologias de armazenamento que têm sido alvo de pesquisas.
Aproveitamento do Lixo
Sim, o lixo. Um recurso energético muito desperdiçado no mundo inteiro, agora começa a ter um aproveitamento melhor. “Utilizar o lixo para produzir energia elétrica é a última fonte energética com grande potencial no Brasil que ainda não tem viabilidade econômica e financeira. Mas está chegando”, analisa Tiago Barros. Lixos como o urbano dos aterros e das estações de tratamento de esgoto, ou rejeitos da pecuária e da agricultura, podem ser jogados em tanques e colocados em contato com bactérias capazes de digerir a matéria orgânica. Nesse processo é gerado metano, um gás que, misturado ao oxigênio, se torna uma boa fonte de geração de energia.
Clique aqui, e ouça na íntegra o episódio do C LIGA – Seu Podcast na Potência Máxima, que abordou a crise hídrica e os caminhos para o sistema energético brasileiro. Neste episódio, além da participação do economista Tiago Barros, também agregou com insights e explicações, o Diretor-Presidente de Comercialização da CPFL Soluções, Ricardo Motoyama. Essa discussão interessante e dinâmica, foi mediado pela Gerente de Marketing e Inteligência de Mercado da CPFL Soluções, Márcia Mantovani.
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Entenda as últimas atualizações da Abertura de Mercado em 2021.Abertura total do Mercado Livre de Energia segue prevista para 2024. Acompanhe as últimas novidades de 2021 e quais as previsões para início de 2022.
Até o próximo dia 31 de janeiro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) deverão apresentar estudo sobre as medidas regulatórias necessárias para permitir a abertura do Mercado Livre para os consumidores com carga inferior a 500 kW, incluindo o comercializador regulado de energia. Pelo cronograma que consta da Portaria MME nº 465/2019, essa abertura total se dará a partir de 1º de janeiro de 2024.
Algumas mudanças na legislação serão necessárias para que, dentro de 2 anos, os consumidores com demanda inferior a 500 kW atendidos em qualquer tensão, possam comprar energia de todas as fontes por meio do Ambiente de Contratação Livre, no qual há liberdade para escolher o distribuidor, negociar os preços e as condições do contrato. O Ministério de Minas e Energia (MME) está confiante de que isso será feito a tempo, conforme revelou Agnes da Costa, Chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios da pasta, em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada no último trimestre de 2021.
No dia 23 de novembro de 2021, a CCEE publicou a primeira parte do estudo acerca da abertura do ambiente de contratação livre, por meio da Nota Técnica intitulada “Proposta conceitual para Abertura de Mercado”, que, em resumo, apresentou quatro propostas, as quais você pode acompanhar clicando aqui.
A segunda parte deste estudo, com divulgação prevista para 31/01/2022, deverá conter proposta de um cronograma para a abertura total do mercado abaixo de 500kW, incluindo as medidas regulatórias necessárias para sua realização.
Abaixo, listamos algumas sugestões de leitura para relembrar os conceitos e condições da abertura do mercado de energia no Brasil.
- Régua de Abertura do Mercado Livre caminha;
- Abertura de mercado continua sendo considerada para todos os consumidores até 2024
- Em janeiro, flexibilização do Mercado Livre avança mais uma etapa;
O Mercado de Energia Elétrica, na maioria das vezes é fonte de pautas nos noticiários, árticos e reflexões financeiras. Ainda que um ramo bastante técnico e repleto de siglas, as decisões energéticas impactam diretamente o cotidiano e, consequentemente, decisões empresariais. Com isso, surge a necessidade de entendermos com clareza cada aspecto incluso nestes cenários.
Nesta leitura, explicamos detalhadamente o papel que alguns Órgãos Oficiais desempenham para a regulação e operação desse setor.
Conheça agora algumas das principais entidades e entenda as responsabilidades de cada uma delas:
Ministério de Minas e Energia (MME)
Órgão do governo federal com a responsabilidade de conduzir as políticas energéticas do Brasil.
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
Órgão cuja missão é regular o setor elétrico brasileiro. É diretamente responsável pela implementação de políticas e diretrizes do governo federal relacionadas à geração, transmissão, distribuição e comercialização da energia elétrica, tais como definição de tarifas, autorização e fiscalização de empreendimentos e serviços de energia elétrica, além de atuar para evitar divergências administrativas entre os agentes do setor.
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
Cabe à CCEE garantir as condições para que a energia elétrica seja negociada no país, reunindo as empresas e demais instituições que viabilizam a comercialização de energia em território nacional.
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
Entidade à qual está atribuída a responsabilidade de operar, controlar e supervisionar a geração de energia elétrica de todo o Sistema Interligado Nacional (SIN). É o ONS que organiza o envio da energia conforme a demanda das áreas de consumo.
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)
Órgão interministerial que assessora a Presidência da República na formulação de políticas e diretrizes capazes de suprir todo o país com insumos energéticos. É presidido pelo Ministro de Minas e Energia (MME).
Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
Vinculada ao Ministro de Minas e Energia, realiza estudos e pesquisas com o objetivo de subsidiar o planejamento do setor energético.
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)
Coordenado pelo Ministro de Minas e Energia, acompanha e avalia de modo permanente a continuidade e a segurança do suprimento eletro energético no Brasil. Além do MME, integram o Comitê as seguintes instituições: Aneel, ONS, EPE, CCEE e a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Para acompanhar as decisões publicadas por cada uma destas organizações, convidamos você a navegar pelo nosso Blog CPFL.
Cenário de preços atual cria tendência para consumo de energia em Mercado LivreAinda que se tratando de um assunto volátil, podemos afirmar que o cenário de preços atual tem pendido para algumas decisões em comum em relação à opção de contratação energética de organizações com alto consumo de energia.
No mercado de curto prazo, o preço da energia tem referência com o valor do PLD (Preço de Liquidação Financeira), que basicamente tem como função equilibrar os custos entre oferta e demanda de energia. Nos últimos meses o preço do PLD contou com algumas mudanças, e nessa referência, os valores atingiram pico no período entre o final de 2020 e o início deste ano.
Apesar de aparentemente seguro, devemos sempre ter em mente que esse cenário é instável, como podemos verificar através dos números publicados no relatório de preço médio publicado pela Dcide em 27 de outubro de 2021: o valor médio da energia Convencional de Longo Prazo (contratos de 2023 a 2026) foi de R$179,31/MWh, enquanto o valor para o segmento Convencional de Curto Prazo é de R$ 176,80/MWh, e é referente ao período de novembro de 2021 a janeiro de 2022.
De acordo com o boletim Abraceel de Energia Livre, em outubro a quantidade de consumidores no Mercado Livre aumentou 18% na comparação com o mesmo mês de 2020, após migração de 1.475 novos consumidores para o ambiente de contratação livre, pelo qual passa 66% do total de energia transacionada e 35% da energia consumida no Brasil.
No setor industrial, 85% das empresas já adquirem energia pelo Mercado Livre. O setor de saneamento e indústria têxtil tiveram os aumentos mais destacados no consumo de energia livre, registrando aumentos de 36,3% e 23,6% respectivamente.
Caso você queira entender melhor sobre como funciona a migração para o Mercado Livre, ou mesmo tirar dúvidas sobre os cenários de preços e contratações energéticas, entre em contato com nossos especialistas.