Para evitar o aquecimento global, diversos setores da economia estão se esforçando para reduzir a sua pegada de carbono. No setor de transporte não é diferente, segundo o relatório da Situação Global do Transporte e Mudança Climática, elaborado por mais de 40 organizações internacionais que atuam em prol de transportes sustentáveis e de baixo carbono, o setor de transportes é responsável por 25% das emissões globais de efeito estufa, demonstrando a relevância dos transportes no clima do Planeta. Segundo o sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões de CO2 do setor de transportes devem aumentar cerca de 50% até 2050.
Por esse motivo, muitos países estão investindo na transição energética da matriz de transportes. Esse processo consiste na substituição de motores a combustão, que utilizam combustíveis fósseis como carvão, gás e principalmente petróleo, por veículos movidos a biocombustíveis, hidrogênio e a energia elétrica.
Os veículos elétricos (VEs) são um grande aliado para reduzir as emissões de CO2 do setor de transportes, e por isso a tecnologia está em expansão no mundo. A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que existam cerca de 16 milhões de carros elétricos em circulação no mundo, consumindo cerca de 30 TWh de eletricidade por ano. No Brasil são mais de 100 mil unidades, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE).
Uma barreira para a expansão da mobilidade elétrica é o alto custo dos veículos se comparados com os movidos a combustão. Por outro lado, além de quase não emitir CO2 e contribuir para o meio ambiente, os veículos elétricos costumam ser mais econômicos, principalmente no que diz respeito a manutenção, por haver menos partes móveis. Há também a possibilidade de isenção de impostos, como o Projeto de Lei 5308/20, que isenta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) as importações e as saídas de veículos elétricos ou híbridos. O texto também reduz as alíquotas do PIS/Pasep e da Confins incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno desses veículos. A isenção do IPVA para donos de carros híbridos já é realidade em 8 estados brasileiros, sendo eles: Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará.
Os VEs contam com quatro componentes essenciais: bateria, inversor, motor de indução e sistema de recuperação de recarga. O inversor, modula e controla a energia que aciona o motor de indução e faz o carro andar. A bateria funciona como um tanque de combustível, armazenando energia elétrica, ao invés de gasolina. A missão do sistema de recuperação é aproveitar a energia que normalmente é desperdiçada na frenagem para recarregar as baterias.
Afinal de contas, como se carrega um carro elétrico?
Existem várias formas de carregar um veículo elétrico. A mais básica é utilizando um carregador, parecido com uma fonte para notebook, conectado em uma tomada doméstica (220V), porém o tempo de uma carga completa pode durar de 12 a 36 horas, dependendo da potência do veículo. Outra possibilidade é adquirir um carregador específico, chamado de “wallbox”, o que pode reduzir o tempo de recarga para um período entre 6 a 12 horas.
A forma mais rápida é utilizando um eletroposto – que são estações públicas ou privadas capazes de realizar uma recarga extremamente rápida, entre 40 minutos e 2 horas e meia. O serviço pode ser cobrado, ou não. Essa cobrança pode ser feita de algumas maneiras diferentes, como exemplo, por carga ou por minuto.
No Brasil já existe uma legislação (REN 1000/2021), que permite a recarga de veículos elétricos que não sejam do titular da unidade consumidora em que se encontra a estação de recarga, inclusive para fins de exploração comercial a preços livremente negociados. O texto complementa que havendo cobrança na estação de recarga da distribuidora, os preços podem ser livremente negociados, sendo aplicáveis à atividade os procedimentos e as condições para a prestação de atividades acessórias. Ainda assim muitos eletropostos, principalmente os públicos, fornecem energia gratuitamente.
É possível encontrar eletroposto em vias públicas, em estacionamentos, shoppings, postos de combustíveis e lojas de conveniência. A utilização é simples, basta conectar a tomada no carro, em alguns casos dar o start no eletroposto. O maior corredor com dispobilidade de postos de carregamento para veículos elétricos da América Latina fica entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Atualmente, os eletropostos são importados e fabricados por empresas como WEG, EFIMOB, Electricus e Eletric Mobility. O custo pode variar de R$ 5mil (7kW) até R$ 500 mil (350 kW).
A Mudança do veículo a combustão para elétrico gerará investimentos para expansão de infraestrutura elétrica. Nós do Grupo CPFL, por exemplo, estamos há 15 anos, acompanhando esse tema e desenvolvendo projetos de mobilidade elétrica, via P&D.
Investimos na eletrificação da frota, com o desenvolvimento do laboratório de eletromobilidade na cidade de Indaiatuba, onde a frota já é quase 100% elétrica. Trabalhamos também em uma plataforma de eletromobilidade, para ambiente urbano e desenvolvimento de modelos de negócios em serviços de mobilidade elétrica. Estamos usando estações de recarga, com uma plataforma que controla essas estações e um aplicativo para auxílio da operação.
No projeto Plataforma, investimos em veículos e vans elétricas para compor o nosso Living Lab (LL). A proposta do Living Lab é experimentar na prática esse ecossistema de eletromobilidade. Para compor o LL, estamos instalando eletropostos, todos conectados à plataforma, desenvolvida no projeto, que possibilita encontrar Postos Elétricos disponíveis, reservar, fazer a recarga e até remunerar pelo serviço prestado.
Importante destacar que a transição não significa rupturas, mas um processo lento de introdução de novas tecnologias convivendo com as tradicionais. A transição energética dos transportes passa pelos veículos elétricos, e também, pelas fontes renováveis – afinal, não faz sentido eletrificar os modais e a energia ainda ser oriunda de fontes poluentes.